Anti-versos
Meu silêncio de árvore
Demanda tempo e espaço
Enquanto em êxtase passo
O tal hexâmetro datílico
Nada que é forma convém
Não ao acordo ortográfico!
E à hifenização das palavras!
Pois
Meus olhos tatuados de ilusão
Sorvem do ventre o suave veneno
Que escorre sem tréguas, lento e sereno,
Das palavras, que seguem em profusão,
Pela tua boca até a “alma minha”
Cacófago!!!
Antes isso do que antropófago!
Modernista, pois sim!
Onde a arte contribuiu com um palmo
Para desafogar a fila do SUS?
Estética! Para que serve a estética?
Para exercitar meu lado contemplativo?
O imbecil fala em “alta cultura”
Que deve ser aquela contemplada
Do alto dos arranha-céus!
E pior que eles não arranham céus!
Céus, palavra de origem pagã...
E todos falam que querem ir para o Céu!
Céus, se, pelo menos, soubessem
Quem é Uranos!
O que a arte trouxe de novo?
“Admirável mundo novo”
Prefiro o velho das coisas...
Não posso contribuir com um verso,
Meu velho,
Porque as palavras não dizem mais
O que quero dizer...

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Adriano Guedes
Pai de Thiago e Maria Clara. 44 anos. Acadêmico de Licenciatura em Letras, pelo polo Nova Friburgo da UFF/Cederj. Vencedor do Concurso Polo Poético, nas II e III Jornadas de Letras, realizados em Nova Friburgo (2015-2016). Autor do blog EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO, sobre Genealogia e História. Coordenador da Pastoral da Criança, na Diocese de Petrópolis. Estudou direito na UFF/Niterói e na FESO/Teresópolis. Foi Secretário Municipal de Trabalho e Emprego (2009) e Secretário Municipal de Planejamento e Projetos Especiais (2010-2011), em Teresópolis. Agente de Desenvolvimento Local (ADL) do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Professor de Língua Grega Antiga.